“Arbeit macht frei”

Conta a Lusa que Paulo Portas comemorou na Madeira o 1.º de Maio clamando (em português ou alemão?) “Para nós, CDS/PP, trata-se de um festejo que acarinhamos. Nós acreditamos no valor do trabalho. Nós acreditamos que o trabalho liberta”.

A Lusa não diz se a ignominiosa expressão “O trabalho liberta” (“Arbeit macht frei”), que os nazis afrontosamente inscreveram nos portões de Auschwitz, foi ou não acompanhada do gesto apropriado com o braço, mas não deixa de ser curiosa na boca de quem ainda há uma semana anunciava que, se tomasse conta das rédeas do partido, este se abriria ao “centro”.

Talvez se tenha tratado apenas de um “lapsus linguae”, ou, como melhor se diz em linguagem popular, talvez a boca de Portas lhe tenha “fugido para a verdade”.

Freud explica na sua “Psicopatologia da vida quotidiana” que os lapsos constituem revelações do inconsciente (ideias ou desejos recalcados) que se intrometem no discurso, sobretudo “quando falamos rapidamente e a nossa atenção está mais ou menos distraída”.

Não sou psicanalista de Paulo Portas (Deus me livre, com o medo que tenho de sítios escuros!), mas não é preciso ser psicanalista para se perceber que o homem tem um grave problema, não propriamente com a anterior direcção do partido, mas consigo mesmo.

M. A. Pina, JN de hoje

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